O que eu aprendi com Rita Lee e Ney Matogrosso

Assisti essa semana ao filme “Homem com H”, sobre a vida de Ney Matogrosso e uma das coisas que mais me chamou atenção, para além de ser uma obra muito bem-feita, com atuação impecável de Jesuíta Barbosa, foi a forma como Ney “foi saído” do Secos e Molhados. E me chamou a atenção pela semelhança do que ocorreu com a Rita Lee. Não conhecia muito da história de Ney, mas sou fã da Rita o suficiente para reconhecer o modus operandi que lhe tirou dos Mutantes.

Sempre tem um desaplaudido para criticar a alma das coisas. Geralmente inclusive quem não tem nem carisma nem talento para chegar aos pés de artistas como Rita e Ney.

E eu imagino que estar no canto do holofote de um artista como eles deve mesmo gerar certo incômodo. E, em vez de as pessoas tratarem isso em terapia, tratam é de jogar para o outro o peso de ser “demais”, a pressão de diminuir quem se é em nome de um equilíbrio que nem lhe cabe, porque o desequilíbrio não é seu.

E aí, nesse sentido, o que me desperta certo fascínio em relação às histórias de Rita e Ney é que nenhum dos dois cede à pressão. Cada um soube defender o seu valor, mandar às favas os insatisfeitos e brilhar sozinho em sua autenticidade, o que definitivamente também não deve ser fácil.

E acho que o que me fascina tanto é que eu talvez não tivesse coragem de fazer o mesmo, guardadas as proporções da minha vida. E talvez o fato de buscar justificar aqui que não estou tentando me colocar no mesmo patamar de Ney e Rita seja justamente o que nos diferencia. Porque a crença que ambos tinham em si mesmos jamais abriria brecha para fazerem tão pouco caso de si.

É nesse patamar de aprendizado que quero bater aqui. Porque tanto um quanto o outro sabiam de seu valor a ponto de não duvidarem de si mesmos, ainda que em desvantagem. Mesmo diante do olhar do outro. Esse que tanto assusta e faz duvidar de uma competência construída e lapidada, mas não devia. Por que deixar o outro nos fazer questionar o que somos, cremos e produzimos, a partir de uma discordância qualquer chega a ser desrespeitoso com nossa própria trajetória.

E, se nem Rita Lee agradou a todos, quem sou eu para sequer tentar…

Compartilhe:

Leia Também:

plugins premium WordPress